6 DE SETEMBRO - DEFENDER O LEITE PORTUGUÊS, DEFENDER PORTUGAL

DEFENDER O LEITE PORTUGUÊS, DEFENDER PORTUGAL
No próximo Domingo, 6 de Setembro, entre as 20h00 e as 24h00, na cidade do Porto, em frente ao Castelo do Queijo, vai decorrer uma vigília de Produtores de Leite sob o lema “Defender o leite português, defender Portugal”.
Decidimos organizar esta vigília na véspera do Conselho Extraordinário de Ministros da Agricultura da União Europeia que vai acontecer em Bruxelas a 7 de Setembro, para discutir a crise no sector do leite. Com a nossa presença junto ao Castelo do Queijo, um símbolo histórico da defesa da cidade do Porto e da soberania portuguesa, queremos enviar uma mensagem muito clara ao Ministro da Agricultura, lembrando-lhe a responsabilidade que assume ao representar o Estado Português nesta negociação. Esperamos que tenha coragem de assumir frontalmente uma posição que defenda os interesses do nosso país e as posições veiculadas pelas diversas organizações do sector. Esperamos também que tenha o apoio necessário do Primeiro-Ministro, que não costuma dedicar muita atenção à agricultura.
Vamos manifestar-nos na noite escura, porque negras são as perspectivas dos produtores de leite. Vamos acender mil velas, em representação dos milhares de agricultores e dos cem mil portugueses que directa e indirectamente dependem do leite. Não queremos fazer o velório da agricultura portuguesa, queremos dar esperança aos produtores e iluminar o caminho ao Governo e à Comissão Europeia.
Portugal produz neste momento leite suficiente para alimentar a sua população e garantir a soberania alimentar neste sector. Esta situação pode alterar-se devido à crise de preços baixos que afecta a produção, se não forem tomadas medidas urgentes. Os excedentes que inundam o mercado português abaixo dos custos de produção provêm de outros países europeus. Esta é uma crise com dimensão europeia e deve ser encontrada uma solução a nível europeu.
A Comissária Europeia da Agricultura, com a sua teimosia na liberalização do mercado através do fim das quotas leiteiras, tem muita responsabilidade na actual situação. É ocasião de perguntar: de que vale ter um português na Presidência da Comissão Europeia, se a Comissária teima em defender uma política neoliberal que interessa apenas aos países do Norte da Europa?
As soluções que defendemos são:
Uma ajuda de emergência aos produtores de leite, a nível europeu, porque a proposta da Comissão de atirar a responsabilidade desses apoios para os estados membros deixa os produtores de leite portugueses em clara desvantagem face aos colegas europeus, tendo em conta as dificuldades económicas do país e o pouco interesse do actual governo pelo sector.
O congelamento do aumento das quotas leiteiras, baptizado por “aterragem suave” mas que na prática, como atempadamente avisámos, se transformou numa inundação de leite;
A continuação do sistema de quotas leiteiras após 2015 ou a sua substituição por outro mecanismo de regulação que ajuste a produção às necessidades do mercado europeu garantindo um preço justo para a produção de leite;
A regulação do mercado europeu em termos de relação produção - indústria – distribuição, pois têm sido apontados em toda a Europa, inclusive pelo parlamento europeu, inúmeros abusos por parte das cadeias de distribuição e é reconhecido que quem sofre são sempre os produtores.
Esta vigília é mais um esforço para os produtores de leite após sucessivas manifestações, numa altura de intenso trabalho na agricultura, mas sentimos a responsabilidade de alertar para a gravidade da actual situação. Estamos a fazer a nossa parte. Que outros assumam também as suas responsabilidades.
Vairão, 4 de Setembro de 2009
A Direcção da AJADP