23-10-2006 - Sobre o fim da DRAEDM

Tendo sido noticiada a extinção da Direcção Regional de Agricultura através da sua inclusão na futura Direcção Regional de Agricultura do Norte, com sede em Mirandela, a AJADP deseja manifestar publicamente a sua preocupação face à distância que a nova sede terá da Região e aguarda com expectativa no sentido de ver preservados serviços próximos dos agricultores, nomeadamente a condução do processo de licenciamento das explorações pecuárias, esperando que a experiência da actual estrutura não seja desaproveitada na reorganização que vai ocorrer.
A nossa preocupação aumenta pelo facto desta alteração de estruturas ocorrer em simultâneo com a implementação de um novo quadro comunitário de apoios, para o período 2007-2013, com previsíveis alterações ao nível dos objectivos e medidas de apoio ao desenvolvimento da agricultura.
Por outro lado, lamentamos que a produção de leite, uma das fileiras mais representativas da região e seguramente a melhor organizada, não seja apontada como estratégica face aos apoios que se anunciam para o desenvolvimento da agricultura, numa altura em que se perspectiva o aumento da concorrência face à abertura das fronteiras comunitárias e ao possível fim das quotas leiteiras. Acresce a isto o previsível encerramento da Estação de Leite e Lacticínios de Paços de Ferreira sem estar garantida a implementação de um “Centro Tecnológico do Leite” capaz de fazer investigação e divulgação de novas tecnologias de produção, fundamentais para a competitividade das explorações agrícolas.
Mais uma vez apelamos à criação urgente de medidas de apoio à requalificação ambiental das explorações pecuárias que permitam conciliar a competitivividade das explorações com as boas práticas ambientais, reduzindo os impactos negativos da sua proximidade com os centros urbanos e apoiando a sua deslocalização quando for efectivamente impossível essa adaptação. Apelamos também às autarquias e aos serviços do Ministério do Ambiente para serem agentes positivos neste processo e não forças de bloqueio.
Por último, a AJADP deseja manifestar publicamente o agradecimento dos agricultores da região aos funcionários da Direcção Regional de Agricultura de Entre Douro e Minho pelo trabalho desenvolvido no desenvolvimento do sector e por todas as vezes que defenderam os agricultores e a agricultura da região face a um mundo urbano que muitas vezes esquece o valor da agricultura na produção de alimentos, manutenção da paisagem e conservação do ambiente.
Vairão, 23 de Outubro de 2006

10-2-2006 - Vantagens e desvantagens dos OGM

NOTA DE IMPRENSA:

DEBATE - “VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS OGM”


A AJADP, com a colaboração da AJAP, vai realizar no próximo dia 10 de Fevereiro, Sexta-feira, entre as 14.30 horas e as 17.00, no Auditório da Cooperativa Agrícola de Vila do Conde, um debate subordinado ao tema “VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS OGM” (Organismos Geneticamente Modificados), onde dois especialistas irão apresentar posições diferentes sobre esta nova tecnologia.
Depois da luz verde da União Europeia, o cultivo de OGM ou “Transgénicos” passou a ser permitido em Portugal desde o ano passado, nomeadamente algumas variedades de milho. Contudo, apesar desse cultivo ser já bastante significativo em vários países do mundo (por exemplo, milho e soja no continente Americano), na Europa tem-se registado uma forte resistência à adopção destas variedades manipuladas geneticamente.
A AJADP julga ser importante informar os agricultores, estudantes e técnicos agrícolas sobre esta nova realidade, de modo a permitir uma avaliação e tomada de decisão serena e fundamentada quando surgirem variedades OGM com interesse para a região. Nesses sentido, convidámos dois especialistas com posições opostas sobre esta matéria para debaterem connosco as vantagens e desvantagens dos OGM: O Professor Pedro Fevereiro, do Centro de Informação de Biotecnologia, que lecciona na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e a Professora Margarida Silva, da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica, em representação da “Plataforma Transgénicos Fora do Prato”.
Dada a pertinência desta questão, pedimos a divulgação do evento.
A direcção da AJADP

9-2005 - A Agricultura faz bem à terra!

A AGRICULTURA FAZ BEM À TERRA

A AGRICULTURA ESTÁ VIVA E DINÂMICA NESTA REGIÃO

Segundo o Recenseamento Geral Agrícola do INE, em 1999 havia em Vila do Conde 876 explorações agrícolas envolvendo 3613 indivíduos, cultivando 6039ha. Apenas 0,7% da superfície agrícola disponível não era utilizada.

Segundo dados da A.B.L.N., em 2004, a produção média das vacas controladas, em Vila do Conde, foi de 8565 kg de leite em 305 dias de lactação, valor superior à média de países como a França, Bélgica, Itália e Holanda! Dados mais recentes (Janeiro a Maio de 2005) colocam 8 vacarias de Vila do Conde entre as 10 com melhor média de produção por animal em toda a zona norte de Portugal.

Apesar do “desligamento” das ajudas que permite receber os apoios da PAC sem cultivar os terrenos a partir de 2005, não se verificou redução da área semeada a milho este ano.

PRODUZ-SE COM QUALIDADE, SEGURANÇA E BEM-ESTAR ANIMAL

As saudades da juventude desenvolvem em muitas pessoas o mito de que “antigamente é que era bom” e os alimentos eram mais saudáveis. Pelo contrário, nunca os alimentos foram tão analisados, controlados e sujeitos a níveis tão elevados de higiene. Por exemplo, hoje o leite é refrigerado imediatamente após a ordenha em todas as explorações, muito diferente do tempo em que era levado em bilhas ao “posto”.

Os animais são obrigatoriamente registados e possuem passaporte onde se assinalam as análises efectuadas anualmente ao sangue. Nos matadouros, todos os abates são sujeitos a inspecção veterinária e teste rápido da BSE. Em todas as recolhas de leite é colhida uma amostra para análise de vários parâmetros de qualidade e higiene.

Os animais são constantemente vigiados, dispondo de água e comida 24 horas por dia. As vacas leiteiras dispõem de camas com colchões de borracha, serrim ou areia e ventiladores para enfrentar o calor de verão.




A AGRICULTURA FAZ BEM AO AMBIENTE

Estudos efectuados na Alemanha, em pastagens semi-naturais, demonstram que o abandono da actividade agrícola reduz a diversidade das espécies presentes, assistindo-se à uniformização do coberto vegetal com redução das espécies mais baixas incapazes de resistir à competitividade de espécies produtoras de maior biomassa.
Fonte: Paschold e tal, 1997

Os terrenos agrícolas absorvem a água da chuva e permitem o alargamento do leito dos rios em caso de cheias, evitando ou diminuindo os efeitos das cheias nas povoações.

As plantas cultivadas absorvem dióxido de carbono e libertam oxigénio.

Produzindo-se os alimentos próximo das populações que os irão consumir, reduz-se a energia gasta no transporte e conservação desses alimentos.

Os efluentes das vacarias são “reciclados” naturalmente ao serem incorporados na terra para fertilizar as plantas, reduzindo-se a aplicação de adubos químicos. Vários estudos foram desenvolvidos nos últimos anos em explorações agrícolas da região para uma melhor utilização e valorização do chorume.

Dezenas de agricultores de Vila do Conde (milhares em todo o país) estão associados à AJAP para a prática de produção e protecção integradas, técnicas que reduzem a aplicação de produtos químicos no cultivo das plantas.


A AGRICULTURA FAZ BEM À ECONOMIA E GERA EMPREGO

Para além dos agricultores, familiares e funcionários envolvidos directamente no sector, cada empresa agrícola precisa do “trabalho” de fornecedores (rações, adubos, sementes, máquinas), prestadores de serviços (apoio técnico, reparações, serviços diversos) e fornece a matéria-prima para a agro-indústria que faz a transformação, embalamento, conservação e revenda de produtos agrícolas. São milhares de pessoas inseridas numa cadeia onde o elo central é o agricultor.

A AGRICULTURA VALORIZA A PAISAGEM

Já imaginou como seriam as paisagens de Vila do Conde se os terrenos agrícolas agora cultivados fossem abandonados? O agricultor é um jardineiro da paisagem.





O FUTURO DA “NOSSA” AGRICULTURA TAMBÉM DEPENDE DE SI!

Procure saber mais sobre a agricultura da sua região; Ensine aos seus filhos a origem dos produtos que consomem; Se possível, leve-os a visitar uma quinta pedagógica ou uma exploração agrícola.

Consuma produtos agrícolas (carne, leite, hortícolas, fruta, flores, etc) produzidos localmente;

Converse com outras pessoas sobre este assunto e pondere com elas sobre as desvantagens (pó, cheiros, lama, tractores na rua…) e vantagens da agricultura (alimentos, oxigénio, paisagem, economia, emprego…).

18-8-2005- Propostas sobre a Seca

Sr Ministro da Agricultura:

Atendendo aos apelos de inúmeros associados, a AJADP decidiu alertar vossa excelência para dificuldades que a seca e as elevadas temperaturas registadas nas últimas semanas estão a provocar nas regiões de Entre Douro e Minho e Beira Litoral, nomeadamente:
- Uma quebra previsível na produção de milho silagem, que estimamos em 30% mas que é muito superior em algumas explorações agrícolas; Há terrenos onde a produção está completamente perdida;
- Uma redução generalizada na qualidade das silagens produzidas;
- Aumento dos custos com a aquisição de cereais para equilibrar a alimentação do efectivo pecuário devido à baixa qualidade.
- Aumento do preço da silagem de milho e da palha;
- Aumento dos custos com a construção de poços e furos, aquisição de novos equipamentos de rega, mão de obra, electricidade e gasóleo agrícola, cujo preço aumentou significativamente nos últimos meses.
- A combinação de todos estes custos acrescidos pode colocar em risco a continuação de muitas explorações que já se encontram em dificuldades económicas.

Face a esta situação, pedimos, com urgência, que seja feito um levantamento exaustivo da situação por parte das Direcções Regionais de Agricultura, de modo a obter dados mais precisos e detectar eventuais situações mais dramáticas que entretanto surjam. No entanto, sugerimos desde já:

- Que as regiões de Entre Douro e Minho e Beira Litoral possam ter acesso às medidas de apoio já criadas pelo governo para ajudar a enfrentar a seca nas outras regiões do continente, nomeadamente a isenção de pagamento da segurança social, as linhas de crédito e o acesso aos cereais importados da Hungria;
- Apoio para a importação de Palha a preços reduzidos;
- O avanço na criação de um sistema de seguros agrícolas que permita enfrentar estas situações de forma diferente nos próximos anos;
- Apoio prioritário ao investimento em sistemas de rega que permitam economizar água e fazer a retenção e aproveitamento da precipitação no Inverno.

Por outro lado, queremos uma vez mais chamar a atenção para a necessidade urgente de ser publicada legislação com as normas para a requalificação ambiental das explorações leiteiras, permitindo uma correcta gestão e valorização dos efluentes produzidos nas instalações pecuárias. Atendendo às dificuldades económicas do sector agrícola, agravadas pela seca actual, é fundamental que essa legislação seja acompanhada por uma programa financeiro (simplificado) de apoio aos investimentos ambientais, tal como já sucedeu com a indústria.
Vairão, 18 de Agosto de 2005

16-8-2005- Efeitos da Seca

NOTA À COMUNICAÇÃO SOCIAL
O período prolongado de seca que afecta todo o país começa a provocar efeitos visíveis na região de Entre Douro e Minho. Apesar de ainda não se verificar a situação dramática de outras zonas de Portugal, a seca e as elevadas temperaturas registadas nas últimas semanas estão a afectar de forma significativa a cultura do milho silagem, sendo previsível uma quebra de pelo menos 30% na produção e uma redução significativa na qualidade das silagens produzidas o que implicará mais custos com a aquisição de cereais para alimentar o efectivo pecuário. Há terrenos onde a produção está praticamente perdida e os agricultores equacionam se vale a pena fazer a colheita. Acresce a tudo isto que a produção existente só é possível com elevados custos na captação de água, com construção de poços, furos, aquisição de novos equipamentos de rega e também aumento dos custos com mão de obra, electricidade ou gasóleo, cujo preço aumentou significativamente nos últimos meses.
Os custos acrescidos com a captação de água para rega e abeberamento dos animais, aquisição de mais ração, silagem e palha a preços inflacionados, combinado com a baixa na produção de forragens, pode colocar em risco a continuação de muitas explorações que já se encontram em dificuldades económicas.
Por outro lado, queremos uma vez mais chamar a atenção para a necessidade urgente de ser publicada legislação com as normas para a requalificação ambiental das explorações leiteiras, permitindo uma correcta gestão e valorização dos efluentes produzidos nas instalações pecuárias. Muitos agricultores querem fazer melhoramentos nas suas instalações ao nível ambiental e de bem-estar animal mas não podem devido à incerteza e ausência de legislação. Além disso, atendendo às dificuldades económicas do sector agrícola, agravadas pela seca actual, é fundamental que as regras sejam acompanhadas por uma programa financeiro de apoio aos investimentos ambientais, tal como já sucedeu com a indústria.
Para reflectir sobre as dificuldades provocadas pela actual seca e estudar as soluções possíveis, um grupo de jovens agricultores vai reunir-se na próxima quarta-feira, dia 17. Para além da troca de ideias e experiências, de que deverá resultar um documento a ser enviados ao governo com as nossas preocupações e propostas, vamos tomar a iniciativa de visitar sistemas de rega gota-a-gota na cultura do milho, uma inovação que permite poupar água, e um novo sistema de fossas pré-fabricadas que permite o armazenamento dos chorumes nas explorações pecuárias e a aplicação nos momentos mais correctos, de modo a serem correctamente valorizados, com o mínimo impacto ambiental e menos incómodos para as populações vizinhas.
Vairão, 16 de Agosto de 2005

25-5-2005- Futuro Verde para Vacarias de Mindelo

POR UM FUTURO VERDE PARA AS VACARIAS DE MINDELO

No dia 17 de Maio, foi publicada no “Jornal de Notícias” uma reportagem sob o título “Futuro negro para vacarias de Mindelo”, onde estão inseridas um conjunto de afirmações que não reflectem a realidade agrícola de Mindelo, concelho de Vila do Conde, penalizam a imagem dos agricultores e podem dar origem a políticas desajustadas para a região. Nesse sentido, entendemos tornar públicos os seguintes esclarecimentos:

1. Mindelo não é a freguesia que tem mais vacas por superfície agrícola

Ao contrário do que afirma a notícia, as estatísticas não confirmam que existe uma vaca por cada dois habitantes de Mindelo, mas apenas uma vaca por cada quatro habitantes, confundindo-se vacas com bovinos. O número total de bovinos inclui os animais jovens, que produzem muito menos chorume (estrume líquido) que as vacas leiteiras em produção. O último recenseamento desmente ainda que Mindelo seja a freguesia com mais vacas por hectare na região. Também não é referido que há várias explorações agrícolas com sede em Mindelo em que uma parte significativa da área cultivada se localiza nas freguesias vizinhas, pelo que uma parte do chorume é aí aplicado.

2. O chorume não é um resíduo. É um fertilizante orgânico natural

Diz-se no subtítulo da notícia que “resíduos continuam a poluir solos”, referindo-se ao chorume proveniente das vacarias que é lançado no solo pelos agricultores. Acontece que o chorume foi classificado pelo regulamento (CE) nº 1774/2002 como “não resíduo”. Uma nota interpretativa do Instituto Nacional de Resíduos (DGR 1010 de 10/9/2003 do INR) clarifica esta situação, ao excluir a gestão de estrume de animais do decreto-lei 239/97, de 9 de Setembro, quando sujeita a legislação especial.
A utilização dos estrumes e chorumes na fertilização das pastagens e forragens destinadas à alimentação do efectivo bovino, contribui para a diminuição do consumo de factores de produção externos, como os fertilizantes minerais (adubos), melhorando os rendimentos das explorações com evidentes benefícios ambientais e sociais, tendo por base um plano de gestão dos efluentes pecuários da exploração.
Os maus cheiros e o excesso de nitratos podem ser resolvidos ou minimizados respeitando as boas práticas agrícolas, tais como aplicar o chorume nas épocas e doses adequadas, incorporar os chorumes logo após serem depositados nos solos, tapar os silos logo após a colheita das forragens para diminuir os maus cheiros e o escorrimento de águas, armazenar bem os efluentes pecuários e aplicá-los quando não chove, e muitas outras que aqui não temos espaço para desenvolver mas que tem sido divulgadas pelas nossas organizações em diversos seminários e jornadas ambientais. O chorume não precisa ser tratado em ETAR para ser aplicado nos solos.

3. De onde vem a contaminação das águas?

Falar apenas dos agricultores em relação à contaminação dos aquíferos é um erro. Segundo o relatório de sustentabilidade da Agenda 21 Local de Mindelo, publicado em Outubro de 2004, “a fonte de contaminação principal (das águas) deverá ser a existência em grande número de fossas sumidouras como destino das águas residuais domésticas” . No mesmo documento é ainda referida a “descarga de águas residuais de origem industrial”.

4. A maioria dos agricultores de Mindelo não tem problemas com os vizinhos

A maioria das explorações do Mindelo encontram-se agrupadas por ruas, na parte nascente da freguesia, tendo por vizinhos outros agricultores ou pessoas que já trabalharam na agricultura e que colaboram com gosto, nos tempos livres, ajudando os agricultores no desempenho da actividade agrícola.


5. Há agricultores interessados em proteger o meio ambiente
Alguns agricultores do concelho de Vila do Conde, incluindo Mindelo, têm participado em vários estudos, através de parcerias entre Universidades, Direcção Regional de Agricultura e Organização de agricultores, nomeadamente a Cooperativa Agrícola de Vila do Conde, com vista a melhorar a eficiência ambiental das explorações. Alguns desses estudos serviram de apoio à elaboração de uma proposta de legislação para a “gestão de efluentes da pecuária”, que não foi concretizada devido à queda do governo.

6. A falta de legislação impede o investimento nas explorações

A falta de continuadores pode ser um motivo para alguns não fazerem obras de requalificação, mas há muitos outros, em Mindelo e em toda a bacia leiteira do Entre Douro e Minho e Beira litoral, que esperam por nova legislação que defina as regras para investir em infra-estruturas, que vão facilitar a prática das boas práticas agrícolas e de bem estar animal.

7. Os agricultores não querem deixar morrer a agricultura

Em Mindelo, assim como em todo o concelho de Vila do Conde, ainda há agricultores activos e jovens, alguns dos quais com conhecimentos técnico e superior na área agrícola, que querem dar continuidade e dinamizar a agricultura da freguesia.
Nos últimos anos tem diminuído o número de explorações agrícolas, pelos mais diversos motivos, não sendo por isso que a agricultura acaba, uma vez que os que ficam no sector alugam as terras aos que desistem, e reestruturam as suas explorações, tornando-os mais fortes e com mais capacidade para enfrentar os desafios.
É verdade que o sector tem enfrentado momentos difíceis, pelos mais diversos motivos, como é o caso da baixa do preço dos produtos agrícolas associados aos elevados custos dos factores de produção que exigiram a intensificação da agricultura de modo a produzir mais e melhor para obter o mesmo rendimento. É verdade que muitas políticas, como a recente reforma da PAC, ainda contém aspectos desajustados da nossa realidade. Contudo, se há pessoas com vontade de investir no sector, porque não as incentivamos? O país precisa de investidores.

8. A agricultura é importante em Mindelo

A agricultura faz parte integrante da paisagem de Mindelo. Mudar a localização das vacarias para outras “zonas agrícolas no concelho” não serve os valores de Mindelo. Não é a única solução. Deve ser a última hipótese a considerar, depois de verificar que não é possível tornar aceitáveis as condições existentes. O já citado relatório da Agenda 21 refere a existência de algumas “cortinas arbóreas que permitem uma melhor integração paisagística das infraestruturas das explorações”. Refere ainda que “Mindelo possui uma área agrícola muito significativa, onde é praticada uma agricultura dinâmica que tem construído uma paisagem rural de elevado valor.”
Acusar sucessivamente a agricultura de Mindelo sem a enquadrar nas características agrícolas da região faz transparecer para a opinião pública que os problemas apenas existem em Mindelo, e numa dimensão superior à realidade. Causa um misto de receio e revolta nos agricultores que não é favorável à resolução dos problemas. O agricultor é um agente fundamental na construção da paisagem e gestão do território. Não deve ser apenas criticado mas sobretudo incentivado a respeitar as boas práticas agrícolas.

Vila do Conde, 25 de Maio de 2005

ASSOCIAÇÃO DE JOVENS AGRICULTORES DO DISTRITO DO PORTO
ASSOCIAÇÃO DE AGRICULTORES DE VILA DO CONDE
COOPERATIVA AGRÍCOLA DE VILA DO CONDE

16-3-2005- Seminário sobre a Seca

NOTA À COMUNICAÇÃO SOCIAL


A AJADP tem acompanhado com preocupação a evolução da seca na região. A situação da agro-pecuária ainda não é tão dramática como noutras regiões do país porque os agricultores estão a utilizar as forragens conservadas do ano anterior, mas a manterem-se as actuais condições pode estar em causa a cultura do milho em 2005 e consequentemente a alimentação das vacas leiteiras no próximo ano.
Para além de reafirmarmos o pedido de ajuda urgente já apresentado por inúmeras organizações de agricultores, entendemos que devemos também fazer a nossa parte e aproveitar todos os recursos disponíveis para enfrentar o problema da seca e reduzir os seus impactos.
Nesse sentido, vamos organizar, com o apoio da AJAP, um Seminário sobre o “USO EFICIENTE DA ÁGUA NA REGA DA CULTURA DO MILHO”. Será no próximo dia 1 de Abril, pelas 14 horas, no Auditório da Cooperativa Agrícola de Vila do Conde. Contaremos com a presença de técnicos da Direcção Regional de Agricultura e da Escola Superior Agrária de Ponte de Lima que desenvolveram vários estudos sobre o assunto nos últimos anos e teremos também testemunhos de jovens agricultores que experimentaram sistemas inovadores de rega com enormes poupanças de água. Apresentaremos ainda algumas novidades das feiras agrícolas de Paris que visitámos há pouco tempo.
Esperamos que esta iniciativa sirva como exemplo de partilha de experiências e saberes adquiridos para outras regiões de modo a que cada agricultor fique consciente de tudo o que pode fazer para enfrentar esta dificuldade.

Vairão, 16 de Março de 2005

A Direcção da AJADP

19-7-2004- Propostas para sector da carne

Os agricultores portugueses que se dedicam à engorda de bovinos para produção de carne enfrentam actualmente graves dificuldades que poderão levar à falência milhares de explorações agrícolas.
O sector vive em crise desde que surgiu a BSE, mas as condições de mercado agravaram-se nas últimas semanas; Neste momento, os preços pagos ao produtor estão aos níveis mais baixos de que há memória, abaixo do preço de custo, e mesmo assim o escoamento da produção é lento e difícil. A situação é particularmente grave para os animais de raça frísia, cuja carne nunca foi promovida e sempre teve preços mais baixos.
Nós, jovens agricultores, estamos apreensivos com esta situação que coloca em risco o futuro da pecuária mas não pretendemos baixar os braços. Com esta actividade que organizámos hoje queremos dar a nossa contribuição para promover a carne de bovino. Esperamos que esta iniciativa seja a primeira de uma campanha organizada e consistente; É lamentável que existam verbas da União Europeia para promover o consumo de produtos agrícolas e a boa carne que se produz na região nunca tenha sido alvo de promoção. Esta não é uma crise pontual. Apelamos aos colegas agricultores de todas as idades para que se unam em torno de organizações capazes de promover e comercializar a carne a preço justo. Desafiamos os responsáveis das organizações existentes a apresentarem propostas e projectos concretos de certificação e criação de marcas para carne da região.
Exigimos o reforço da fiscalização no sector da carne, ao nível do transporte, comércio e qualidade dos produtos. Sabendo que as custos de produção são aproximados nos diversos países da Europa, desconfiamos que algo de errado se passa na produção ou no comércio quando é colocada em Portugal carne importada a preços abaixo do custo. Exigimos fiscalização e penalizações para os que infringirem as regras de segurança alimentar e de comércio justo. Não pode haver espaço para ilegalidades.
Exigimos um sistema de rotulagem com indicação da origem do animal, data e local de abate, que permita efectivamente seguir o bife “do prado ao prato” e responsabilizar todos os intervenientes no processo. Rejeitamos a proposta da Comissão Europeia de substituir a designação nacional na rotulagem por uma designação genérica de origem EU. Os consumidores portugueses que preferem produtos nacionais tem o direito de saber de onde vem aquilo que comem.
Reclamamos o rápido levantamento do embargo europeu à carne bovina em condições que permita efectivamente a exportação da carne nacional; depois de todo o esforço efectuado em Portugal no combate à BSE, sabendo que a doença existe também noutros países da União Europeia, não podemos aceitar de ânimo leve que o nosso país receba todo o tipo de carne (alguma de qualidade duvidosa) e não possa exportar os seus melhores produtos.
Não compreendemos que a carne de vaca se mantenha nos talhos ao mesmo preço depois das quebras que sofreu na produção, justificando-se com o baixo preço da carne importada; Desafiámos o sector do comércio a baixar os preços ao consumidor de forma a aumentar as vendas, em vez de querer obter grandes margens com cada vez menos carne de origem nacional. Se não houver solidariedade na fileira da carne, não restará outra hipótese de sobrevivência que não seja a venda directa do produtor ao consumidor.
Esta crise não pode continuar. Por este caminho assistiremos primeiro ao encerramento de muitas explorações agrícolas mas depois esse abandono da agricultura vai afectar o meio rural e todo o país.

A Direcção da AJADP

2-7-2004- Prevenção e Combate a Incêndios

PALESTRA SOBRE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS
(Na floresta e instalações agrícolas)

2 DE JULHO DE 2004 : 14,30 – 17,00
AUDITÓRIO DA COOPERATIVA AGRÍCOLA DE VILA DO CONDE



A AJADP, face ao problema que os incêndios representam em Portugal e ao risco elevado que este ano é apontado para a região norte, pediu a colaboração dos Serviços Florestais e da Protecção Civil Distrital para organizar uma palestra onde se procurará responder a algumas questões:

· Como podem os agricultores/proprietários prevenir os fogos florestais?
· Como podem/devem colaborar com as autoridades em caso de incêndio?
· Como prevenir e como agir no caso de incêndios nas instalações agrícolas?

Estarão presentes técnicos da Secretaria de Estado das Florestas e do CDOS do Porto- Centro Distrital de Operações de Socorro.
Para além da informação que esperamos disponibilizar aos agricultores e proprietários, pretendemos também dar-lhes voz e ouvir a sua opinião sobre as melhores orientações para a resolução dos problemas da floresta que a todos nos preocupam. Os proprietários da floresta são muitas vezes acusados e poucas vezes ouvidos.
Sabemos que esta é uma pequena iniciativa face a um grande problema, mas esperamos que seja um exemplo a motivar outras acções e contamos com a divulgação possível para que a palestra seja participada e aproveitada pelos destinatários, para bem da floresta, da agricultura e de toda a sociedade.

A Direcção da AJADP

03-2004- Seminário PAC e Novas Tecnologias

A REFORMA DA PAC, OS JOVENS AGRICULTORES E AS NOVAS TECNOLOGIAS


Na próxima Sexta-feira, dia 26 de Março de 2004, no Auditório da Cooperativa Agrícola de Vila do Conde, A AJAP, Associação de Jovens Agricultores de Portugal e a AJADP, Associação de Jovens Agricultores do Distrito do Porto, organizam um seminário onde pretendem apresentar a reforma da PAC e novas tecnologias aos jovens agricultores da Região. Estarão presentes, entre outros, o Secretário de Estado de Agricultura, Engº Bianchi de Aguiar e o Director Regional de Agricultura de EDM, Engº Carlos Duarte.
Na primeira parte do seminário estará presente um Técnico do Ministério da Agricultura responsável pelas negociações da PAC, que apresentará a reforma de 2003 nos aspectos que mais afectam os jovens agricultores da Região. Para além do que ficou decidido, importa acompanhar a definição de regras específicas de implementação da reforma em Portugal.
As novas tecnologias ao dispor dos agricultores estarão em destaque na segunda parte, onde serão apresentados vídeos, fotos e testemunhos de uma viagem de estudo realizada pela AJADP ao norte de Espanha em fevereiro passado sobre Robots de ordenha, produção de leite em agricultura biológica, sistemas colectivos de mecanização e outras inovações. Dois técnicos conceituados farão comentários sobre a possibilidade de implementar essas tecnologias na região.


DATA: 26 de Março -14 Horas
LOCAL: Auditório da Cooperativa de Vila do Conde
TÍTULO: A Reforma da PAC, os Jovens Agricultores e as novas tecnologias
PROGRAMA:
14,15 SESSÃO DE ABERTURA Presidida pelo Director Regional de Agricultura
14,30 TEMA 1 – Reforma da PAC e Jovens agricultores
15,15 DEBATE
15,45 INTERVALO
16,15 TEMA 2 - Novas opções na pecuária / novas tecnologias
17,30 SESSÃO DE ENCERRAMENTO
Presidida pelo Secretário de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural

29-12-2003 - Situação Difícil na Pecuária

Tendo conhecimento das dificuldades vividas actualmente por muitas explorações pecuárias do Entre Douro e Minho, e não obtendo respostas das entidades responsáveis apesar de várias diligências efectuadas, a Associação de Jovens Agricultores do distrito do Porto decidiu tornar públicas as suas preocupações relativamente aos seguintes problemas:

1. Falta de Pagamento das indemnizações por abates sanitários:

Mais de 100 explorações onde foram efectuados abates sanitários (por detecção de BSE) a partir de Maio deste ano ainda não receberam as respectivas indemnizações, o que está a causar graves constrangimentos financeiros visto que foram forçadas a investir na aquisição de novos animais, em muitas situações recorrendo ao crédito bancário. Quando os agricultores contactam os serviços estatais no sentido de saber quando serão pagas as indemnizações, bem como o respectivo valor, são informados de que aguardam autorização superior, mas que se prevê que a indemnização seja paga de acordo com a legislação em vigor á data do abate e não da data da sua notificação. Esta informação está a indignar os agricultores, já que muitos foram notificados ainda em 2002 sendo injusto que se aplique legislação publicada à posteriori.

2. Grave situação causada pelas novas taxas de abate de animais

O decreto-lei 244/2003, publicado em 7 de Outubro deste ano, veio agravar uma situação que já estava complicada desde que surgiu a BSE em Portugal. Nos milhares de explorações leiteiras portuguesas, animais saudáveis e com valor comercial são vendidos ao “preço da chuva”, pois o agricultor, que é o elo mais fraco da cadeia, vê “descontado” no preço de venda todas as despesas de abate (teste da BSE, desossagem, taxas de eliminação de subprodutos, etc). Quanto aos animais sem valor comercial, as “vacas de refugo”, que até Outubro eram abatidas nos matadouros e destruídas sem custos para o agricultor para além dos transporte, o novo decreto tornou impossível essa situação: para além de nada receber pelo animal, o agricultor tem ainda de pagar mais de 150 ou 200 euros para a sua destruição. Resta ao agricultor esperar que o animal morra na exploração para ser recolhido.
Já passou tempo suficiente para o Governo tomar consciência da gravidade da situação e encontrar solução para os problemas causados: aumento da importação de carne de bovino, baixa dos preços ao produtor, problemas sanitários e ambientais e de bem-estar nas explorações (sobrelotação de animais), sobrecarga no SIRCA (Sistema de recolha de cadáveres). A solução imediata que se impõem é a isenção de taxas que permita o abate atempado e em condições sanitárias dos animais de refugo.

3. Indefinição quanto a novas regras ambientais e de bem-estar animal

Continuamos na expectativa da publicação de legislação que permita a requalificação das explorações leiteiras em termos ambientais e de bem-estar animal. Esperamos que os representantes de Portugal na União Europeia, tanto ao nível de Governo como do Parlamento Europeu, acompanhem devidamente as regras que entretanto se definem em Bruxelas, não se limitando a traduzir para português leis completamente desajustadas da nossa realidade em termos de solo, clima e estrutura das explorações agrícolas.
Esperamos a atenção do Governo e da Assembleia da República para estes e outros problemas (por exemplo, importação de Carne e Leite a preços que nos fazem desconfiar dos métodos de produção ou das práticas comerciais adoptadas) que estão a causar grande indignação entre os agricultores e poderão obrigar-nos a formas de protesto mais expressivas se entretanto continuarmos sem obter qualquer resposta concreta.

Vairão, 29 de Dezembro de 2003
A Direcção da AJADP