Desde 2007 chamámos a atenção ao poder político
nacional e europeu, que o aumento da quantidade de leite produzido na europa
não vai ser uma aterragem suave para o final da quotas em 2014, mas sim uma
“amaragem” num mar de leite. Só no ano de 2011 verificou-se um acréscimo de
produção na europa, relativamente a 2010, em quatro vezes a produção de
Portugal. Esta tendência de subida da quantidade produzida já se verifica há
anos consecutivos.
Os problemas na produção em Portugal começaram a
agudizar-se com o aumento significativo do custo de produção, sobretudo da
alimentação animal, que apelidamos de “primeira vaga”. A descida do preço do
leite ao produtor, no início do ano, foi a “segunda vaga” e a última descida,
neste mês, é a “terceira vaga”, deste mar de leite, transformado em “tsunami” que
está a arrasar a produção.
Precisamos que os políticos nacionais tenham
intervenção em Bruxelas, de forma persistente e forte, para parar o aumento de
produção europeia, que está a impor este baixo preço à produção, e que sejam
capazes de agir também para controlar a especulação no mercado de matérias-primas
para alimentação animal; Precisamos que a PARCA produza efeitos rapidamente,
porque relatórios analíticos por si só não resolvem este problema; Precisamos
que Industria e Distribuição queiram a produção como aliado comercial e
parceiro sustentável para o longo prazo e não como um parente pobre que pode sobreviver
assim eternamente; Precisamos de preços que permitam instalar e manter na
actividade agrícola os jovens agricultores. Precisamos que entidades como o Observatório
dos mercados agrícolas analisem a situação real de todos os produtos e
tendências e tornem públicos esses estudos…
Precisamos parar as sucessivas vagas deste “tsunami”
e controlar o nível deste “mar de leite” no espaço europeu. A Direcção da AJADP. 21-6-2012